Ao todo existem 12 grutas e cavernas turísticas em Portugal. Esta afirmação é do brasileiro Hugo Araújo, jovem de 31 anos que chegou a Portugal em setembro de 2015 e começou a trabalhar nesta investigação. Confira os dados do levantamento que já fez no País.
A idéia central de Hugo Araújo é analisar, em Portugal, todas as grutas e cavernas turísticas, fazer uma comparação com outras que existem na Espanha e no Brasil, e perceber quais são os ideias certas para desenvolver o turismo nestes locais. Mas Hugo Araújo já identificou todas as grutas turísticas que podem ser visitadas em Portugal, e divulga o que de mais interessante existe em cada uma delas.
Mas afinal o que é uma gruta turística? “Uma gruta turística é uma cavidade natural que sofreu alguma adaptação para facilitar o acesso de pessoas”, diz Hugo Araújo. Para além disso, uma instituição monitora a visita a essas grutas.
“Em Portugal existe uma concentração de grutas e cavernas em dois distintos lugares: na região dos Açores (cinco), que são tubos lávicos e nas Serras de Aire e Candeeiros (três), que são de formação calcária. As dos Açores são muito interessantes para mim, uma vez que no Brasil não há vulcões”, acrescenta. A sua maior expectativa reside nas grutas açorianas.
Grutas de São Vicente, Madeira
Durante 30 minutos, os visitantes podem explorar as Grutas de São Vicente, na ilha da Madeira, com a ajuda de um guia. “A visita permite compreender não só o processo de formação de cavidades de origem vulcânica, mas de toda Ilha da Madeira”, explica Hugo Araújo.
Há pequenos lagos de água transparente, amplas câmaras, música ambiente e uma iluminação pensada para dar um ar mais místico ao percurso — que tem mais de mil metros de comprimento.
Formadas há 890 mil anos a partir de uma erupção vulcânica, foram as primeiras grutas de gênese vulcânica a abrir ao público em Portugal, em 1996. Atualmente, as Grutas de São Vicente recebem cerca de 110 mil visitantes por ano.
Grutas da Moeda, São Mamede
A apenas três minutos de Fátima, as Grutas da Moeda foram descobertas em 1971, quando dois caçadores perseguiam uma raposa. Durante vários meses, os homens exploraram as grutas e foram descobrindo várias galerias.
Com uma extensão de 350 metros e uma profundidade de 45 metros, a visita guiada percorre as várias galerias naturais que foram batizadas de acordo com aquilo que sugerem: há a Lago da Felicidade, Sala do Presépio, Algar d’Água, Pastor, Cascata, Cúpula Vermelha, Marítima, Capela Imperfeita, Abóbada Vermelha e a Fonte das Lágrimas. “A visita é fascinante e o percurso visitável está iluminado, o que enfatiza as belezas das galerias.”
As Grutas da Moeda recebem todos os anos cerca de 100 mil visitantes.
Grutas de Mira de Aire, Porto de Mós
Consideradas uma das 7 Maravilhas de Portugal, as Grutas de Mira de Aire tem 11 quilômetros, mas apenas 600 metros do percurso pode ser feito pelos visitantes. Descobertas em 1947, abriram pela primeira vez ao público em 11 de agosto de 1974.
O percurso começa com um desnível de 110 metros a partir da entrada — a descida é feita através das escadas, mas na subida já é possível apanhar o elevador. “É um lugar maravilhoso e muito bem estruturado para receber visitantes. Imperdível.”
Grutas de Santo Antônio, Porto de Mós
Em pleno Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, onde também ficam as Grutas de Mira de Aire, estão as Grutas de Santo Antônio. O local foi descoberto por uma criança de cinco anos que perseguia uma gralha em 1955. Depois de muito insistir, a criança finalmente conseguiu convencer o pai e um grupo de trabalhadores de uma pedreira a ajudá-lo a explorar o local. Equipado apenas com cordas e uma caixa de fósforos, foi o menino quem fez a primeira visita.
Abertas ao público em 1971, no início as visitas às Grutas de Santo Antônio eram feitas através de uma escadaria de madeira. A iluminação estava a cargo dos próprios visitantes, que carregavam cada um uma lanterna. Hoje já há um sistema de passadeiras que garante um percurso mais agradável — e seguro. As grutas têm uma área visitável de 6 mil metros quadrados. “Contém salões com grandes dimensões e beleza. As inúmeras formações de estalactites e estalagmites dão a sensação de estarmos num lugar mágico.”
Todos os anos, 30 mil pessoas visitam as Grutas de Santo Antônio.
Grutas de Alvados, Porto de Mós
A cerca de um quilômetro das Grutas de Santo Antônio ficam as Grutas de Alvados. Estão divididas em duas partes: a gruta velha, que foi descoberta há cerca de 400 anos e era frequentemente utilizada pelos pastores da região quando precisavam de se abrigar, e a gruta nova, composta pelas Grutas de Alvados propriamente ditas. A descoberta foi feita em 1964 por um grupo de trabalhadores das pedreiras da Serra dos Candeeiros.
Apesar da proximidade com as Grutas de Santo Antônio, não há muitas semelhanças entre os dois locais. As Grutas de Alvados destacam-se pelos corredores contínuos, que vão dar a lagos naturais e salas desniveladas. “Uma extraordinária obra da natureza. Os lagos naturais são surpreendentes.”
Anualmente, as grutas recebem cerca de 25 mil pessoas.
Gruta do Carvão, Ponta Delgada
Há dois tipos de visitas na Gruta do Carvão: as visitas de fácil acesso, e as visitas de exploração, que requerem algum esforço físico. Comecemos pelas fáceis: realizadas com a ajuda de um guia, as visitas duram cerca de 45 minutos e são realizadas com grupos com nunca menos de 15 pessoas.
Já as visitas de exploração são também feitas com a ajuda de um guia e percorrem um circuito com cerca de 800 metros de extensão. Porque é um percurso mais complicado, todos os visitantes recebem um capacete com frontal, luvas e joelheiras. A visita está proibida a menores de 10 anos e cada grupo de quatro pessoas vai acompanhado por um guia. O percurso demora entre duas e três horas.
As visitas fáceis acontecem todos os dias às 10h30, 11h30, 14h30, 15h30 e 16h30, mas se for com um grupo pode entrar em contato com a Gruta do Carvão e agendar uma visita num horário diferente. No caso das visitas mais difíceis isso é mesmo obrigatório, sendo que as marcações têm de ser feitas com pelo menos dois dias de antecedência.
A Gruta do Carvão tem um total de 1.912 metros, sendo que estes estão repartidos por três troços: um com 880,2 metros, outro com 701,8 metros e outro ainda com 300 metros. “A riqueza natural da Gruta do Carvão reside sobretudo na grande variedade de aspectos geológicos, estruturas e fenômenos típicos do vulcanismo que aí podem ser observados.”
Anualmente, as grutas recebem 15 mil pessoas.
Algar do Carvão, Terceira
A primeira descida ao Algar do Carvão aconteceu em 26 de janeiro de 1893, quando Cândido Corvelo e José Luís Sequeira se aventuraram pela primeira vez na grupo. Muitos anos mais tarde, em 1963, aconteceu a primeira visita organizada. O Algar do Carvão fica no interior da caldeira do Guilherme Moniz, a 640 metros de altitude, por isso os visitantes vão estar literalmente dentro de um vulcão. “Este algar situa-se num vulcão adormecido. Os visitantes podem observar estalactites únicas no mundo e um lago de águas cristalinas.”
Gruta das Torres, Pico
Com 5.150 metros de extensão, calcula-se que a Gruta das Torres se tenha formado há cerca de 1500 anos durante uma erupção no Cabeço Bravo. “A Gruta das Torres é o maior tubo lávico conhecido de Portugal”. A visita ao local acontece atualmente em forma de expedição: durante uma hora, os visitantes percorrem 450 metros da gruta com todo o equipamento necessário. “Tem boas infraestruturas que garantem a segurança dos visitantes.”
Todos os anos, 10 mil pessoas visitam a Gruta das Torres.
Gruta do Natal, Terceira
A Gruta do Natal fica no concelho de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira. Com 697 metros de extensão, a gruta já foi conhecida pelos nomes de Galeria Negra e Gruta do Cavalo. “Passou a ser conhecida por Gruta do Natal depois de ter sido ali realizada, em 1969, a Missa do Galo. Todavia, a gruta também já foi palco de um batizado e até de um casamento.” “Uma das suas curiosidades é o fato de grande parte da gruta ficar por baixo de uma lagoa, a Lagoa do Negro.”
A visita à Gruta do Natal dura entre 20 e 30 minutos.
Anualmente, 8 mil pessoas visitam a Gruta do Natal.
Furna do Enxofre, Graciosa
No interior da Caldeira da Graciosa, a sul da Ilha Graciosa, fica a Furna do Enxofre, uma gruta com 194 metros de comprimento. Os visitantes chegam à gruta através de uma torre com 37 metros de altura e de uma escadaria em caracol com 183 degraus. “Trata-se de um interessante fenômeno geológico de origem vulcânica. No interior há um belo lago com cerca de 130 metros de diâmetro.”
Algar do Pena, Alcanede
A gruta Algar do Pena fica no Parque Natural da Serra de Aires e Candeeiros, na freguesia de Alcanede, e foi descoberta por acaso em 1983. Composta por um poço vertical com 35 metros, este conduz a uma sala enorme com 105 mil metros cúbicos.
“Foi aqui que abriu o primeiro Centro de Interpretação Subterrâneo em Portugal (CISGAP), que constitui um dos melhores locais para compreender os processos de formação das cavidades naturais, assim como os mecanismos de circulação subterrânea das águas e os perigos a que este ambiente está sujeito.”
As visitas à gruta só podem ser feitas por marcação prévia e acontecem todos os dias exceto à segunda-feira. O horário varia consoante aquilo que for combinado.
Anualmente, a Gruta Algar do Pena recebe cerca de 3.500 visitantes.
Gruta do Escoural, Montemor-o-Novo
“Esta cavidade é um dos mais importantes sítios arqueológicos de Portugal, devido aos vestígios de arte pré-histórica que lá são encontrados, em especial as gravuras e pinturas rupestres, sobretudo com formas de animais.”
Em pleno Alentejo, a cerca de três quilômetros de Santiago do Escoural, a Gruta do Escoural é conhecida pelas figuras pintadas e gravadas na parede durante a época do Paleolítico Superior — entre 25 000 a. C. e os 12 000 anos a. C. A gruta tem cerca de trinta galerias e diversas salas e corredores.
A Gruta do Escoural só pode ser visitada mediante marcação prévia no Centro Interpretativo do Escoural, preferencialmente com pelo menos 24 horas de antecedência. O grupo tem de ter no mínimo duas pessoas e no máximo dez.
Com informações de NCultura