Uma das características mais marcantes do povo português é sem dúvida alguma a forma carinhosa que eles recebem o turista e talvez venha daí, misturada com um pouquinho da inocência de alguns povos indígenas que venha o nosso tradicional calor brasileiro na arte de receber bem quem vem “de fora”. Comparações poéticas à parte, foi exatamente assim que me senti em minha viagem por Portugal. Em algumas regiões, mesmo passando de forma super corrida, senti isso até mesmo no olhar dos moradores e comerciantes, como no caso da pequena, histórica, aconchegante, encantadora, acolhedora e todos os adjetivos mais positivos que vierem a sua mente, Guimarães.
Imagine passear por estreitas ruas de pedra, onde construções simples e rústicas, porém enfeitadas com flores e adereços dão uma vida e colorido que te remetem a um tempo congelado no espaço. Não se trata de uma cidade qualquer, afinal estamos falando de um local que foi declarado pela UNESCO como Patrimônio Mundial. Ok, junte a isso a importância de carregar o título de “berço” da nação portuguesa, cidade onde nasceu Portugal em 1128 quando aconteceram os principais acontecimentos políticos e militares, que levariam à independência e ao nascimento de uma nova Nação. É por esta razão, aliás, que está escrito numa das torres da antiga muralha da cidade “Aqui nasceu Portugal”. Quer mais um título de orgulho? Guimarães foi Capital Europeia da Cultura em 2012. Ufa!
No Centro Histórico vemos facilmente algumas construções de burgueses e nobres preservadas da arquitetura urbana medieval, assim como algumas casas oitocentistas e outras revestidas de azulejos se integrando em perfeita harmonia.
Uma das ruas que merecem um destaque especial é a rua de Santa Maria que é a que tem características mais medieval na cidade. Foi uma das primeiras a ser aberta para fazer a ligação entre o convento e o castelo. Com grande valor arquitetônico, dela podemos avistar o Convento de Santa Clara, a Casa do Arco, a Casa Gótica dos Valadares e outras propriedades expressivas.
Como se as charmosas e acolhedoras ruas e praças, construções históricas conservadas e varandas ornamentadas não fossem bastante para fazer nosso olhar se perder no espaço, ainda temos o imponente e altivo Castelo de Guimarães e suas muralhas a proteger todo o centro histórico.
O Castelo de Guimarães origina-se do século X e foi edificado por ordem da Condessa de Mumadona para proteger os Monges e a comunidade cristã dos ataques dos Mouros. Foi habitado pelo Conde Dom Henrique e por Dona Teresa após o nascimento do Condado Portucalense. Eles também realizaram obras neste monumento, assim como outros reis. Após o século XV foi abandonado e muito degradado até o século XX, quando foi classificado Monumento Nacional.
Muitos profissionais do turismo recomendam que se comece a viajar por Portugal historicamente pelo norte, seguindo as raízes históricas do nascimento de Portugal que foi crescendo rumo ao sul. Se você é como eu, apaixonado por história, cultura e arte medieval, eu recomendo que se dedique no mínimo um dia inteiro e uma noite para conhecer Guimarães sem pressa. Até é possível combinar com outras cidades vizinhas, mas você não terá a oportunidade de sentir a atmosfera local e observar detalhes tão ricos e apaixonantes.
Em Guimarães existem diversas opções de hospedagem, bons restaurantes e bares e uma variada quantidade de lojinhas e boutiques. Eu aproveitei para almoçar na histórica Pousada de Santa Marinha da Costa que oferece além de uma gastronomia fantástica em seu restaurante, uma vista de tirar o fôlego sobre Guimarães. Vale ressaltar que a Pousada é um ótimo refúgio repleto de tranquilidade e paz, especialmente para casais apaixonados.
Guimarães é muito mais do que consegui descrever com palavras ou fotografias. Tentei ser o mais fiel possível ao relatar o que pude conhecer e presenciar ao visitar esta linda e aconchegante cidade e com certeza ainda fica aquele gostinho de quero mais. Afinal, cada cidade que visitamos tem sempre um novo olhar para cada viajante.